Pesquisa aponta que 78% das crianças de até 3 anos passa de 2 a 3 horas por dia em frente às telas

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As crianças pequenas estão cada vez mais expostas às telas. Segundo a pesquisa “Panorama da Primeira Infância: O que o Brasil sabe, vive e pensa sobre os primeiros seis anos de vida”, realizada pelo Datafolha a pedido da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, 78% das crianças de até 3 anos e 94% das de 4 a 6 anos têm contato diário com TV, celular, tablet ou computador. A média de de uso varia entre 2 e 3 horas por dia – mais que o dobro do recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que orienta o limite de 1 hora por dia para crianças com mais de 2 anos. Antes dessa idade, o ideal é que não haja exposição a telas.
“As telas são uma distração passiva que, em excesso, podem prejudicar o desenvolvimento infantil. Nos primeiros anos de vida, a criança aprende por meio de brincadeiras e atividades interativas. Por isso, é importante basear as aprendizagens iniciais em contextos concretos e relevantes para a criança”, explica Mariana Luz, CEO da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal.
Riscos de exposição
Mesmo diante do período de exposição elevada, a pesquisa indica que há uma preocupação entre os cuidadores: 40% acreditam que as crianças estão mais tempo diante das telas do que deveriam. Os entrevistados também disseram que essa exposição pode ter consequências
- Prejuízos à saúde física (movimento reduzido, visão afetada): 56%
- Limitação do contato com outras pessoas e atividades: 42%
- Agitação ou agressividade: 42%
Por outro lado, parte dos entrevistados acreditam que as telas têm impactos positivos. Manter a criança ocupada (18%), estimular o aprendizado (17%) e acalmar a criança (12%) foram as principais razões apresentadas.
“Diversos estudos mostram que há uma relação entre o tempo de tela e o risco de problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão. Além disso, o uso excessivo dessas tecnologias na infância pode afetar negativamente o desenvolvimento infantil, causando problemas como obesidade, isolamento social, dor muscular, déficit de atenção, hiperatividade e queda no rendimento escolar”, pondera Luz.
Estratégias para diminuir o uso de telas
“Panorama da Primeira Infância: O que o Brasil sabe, vive e pensa sobre os primeiros seis anos de vida” também procurou entender como os cuidadores limitam a exposição das crianças nas redes. Questionados sobre as principais alternativaspara controlar o uso de telas, as principais estratégias mencionadas são:
- Incentivar brincadeiras ao ar livre e atividades físicas: 51%
- Estabelecer horários fixos para o uso: 47%
- Limitar o tempo diário de uso: 45%
- Selecionar e monitorar os conteúdos: 22%
- Não permitir o uso de telas: 15%
“O desafio não é simplesmente desligar as telas, mas construir com as crianças uma relação mais equilibrada com o tempo, o corpo e o afeto. Promover experiências ao ar livre, brincar junto e conversar são práticas simples e poderosas para um desenvolvimento mais saudável na primeira infância. Não podemos esquecer que, para algumas famílias, o celular pode atuar como uma rede de apoio, uma distração para que a mãe ou cuidadora possa realizar outras tarefas. Não podemos julgar essa mãe, mas oferecer alternativas que substituam isso”, finaliza Luz.
Metodologia
A pesquisa foi realizada entre os dias 8 e 10 de abril de 2025 com uma amostra nacional, por meio de entrevistas presenciais em pontos de fluxo populacional. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para a amostra geral e 3 pontos para os responsáveis por crianças. No total, 2.206 entrevistas realizadas (amostra nacional), sendo que 31% são responsáveis pelo cuidado de bebês e crianças de até 6 anos.
“Panorama da Primeira Infância: O que o Brasil sabe, vive e pensa sobre os primeiros seis anos de vida está” foi lançado hoje, dia 04 de agosto, no Mês da Primeira Infância.