Roupas confortáveis ganham espaço e impulsionam moda fitness e de praia no varejo

A valorização da saúde, bem-estar e de um estilo de vida mais ativo tem transformado a maneira como os consumidores se relacionam com a moda. A busca por conforto e funcionalidade passou a influenciar diretamente as decisões de compra, impulsionando segmentos como o da moda fitness e de praia. O volume de peças produzidas dentro do segmento cresceu 4,6%, na comparação entre 2024 e 2023, chegando a 889,6 milhões de peças, segundo dados do novo Estudo de Mercado Potencial de Moda Praia e Esportiva/Fitness 2025, realizado pelo IEMI – Inteligência de Mercado.
Em 2024, o setor de moda praia e esportiva contou com 3,5 mil empresas ativas, movimentando R$ 33,4 bilhões em valor de produção, e empregando 168,6 mil pessoas direta e indiretamente. O crescimento do segmento reforça uma mudança no perfil das peças adquiridas pela população brasileira, com queda na participação de roupas sociais, enquanto itens mais leves e informais, como os de malha e roupas esportivas, se mantém em alta.
Isso revela não apenas uma mudança estética, mas uma transformação cultural sobre como o brasileiro enxerga moda e estilo. A preferência por vestimentas mais casuais levou à uma diminuição de 9% no peso médio das roupas, e baixa de 20% no preço médio das roupas nos últimos anos.
Para Marcelo Prado, consultor e diretor do IEMI, o crescimento desses segmentos representa uma grande oportunidade para o setor. “A moda fitness e de praia reflete na diversificação do consumo no Brasil. O aumento da longevidade da população, a digitalização das rotinas e a adesão a hábitos mais saudáveis criam um padrão de consumo, mais atento à funcionalidade, à durabilidade e ao bem-estar”, destaca.
Segundo o levantamento, o biquíni representa 54% do volume total de peças produzidas no setor de moda praia no Brasil, e 71% da distribuição é feita pelo varejo especializados, o que evidencia o peso estratégico desses canais de venda. No segmento fitness, 41% das exportações brasileiras têm como destino os Estados Unidos, sinalizando o reconhecimento internacional da qualidade e do design nacional.
Do ponto de vista do varejo, não é diferente. Para a Associação Brasileira do Varejo Têxtil (ABVTEX), a diversificação do consumidor dita as novas tendências e traz novas oportunidades. “O consumidor passou a priorizar roupas que acompanham sua rotina multifuncional, que permitam ir da academia ao trabalho, ou de casa ao lazer, com praticidade e estilo. Esse comportamento tem estimulado o crescimento da chamada moda athleisure, que une conforto, funcionalidade e identidade”, explica Edmundo Lima, diretor executivo da ABVTEX.
Segundo ele, a pandemia acelerou essa tendência, que hoje se consolida em coleções que atendem tanto às práticas esportivas quanto o desejo por peças casuais e esteticamente atrativas. As mudanças também são percebidas na escolha dos materiais. Marcas e varejistas vêm investindo cada vez mais em tecidos tecnológicos, biodegradáveis e sustentáveis, respondendo a uma demanda crescente por produtos com menor impacto ambiental.
A entidade tem acompanhado de perto essas transformações e atua para apoiar empresas na adaptação às novas demandas do consumidor. “Temos um consumidor mais informado, exigente e sensível à experiência que a marca entrega. Cabe ao varejo manter o olhar atento e buscar, por meio de inovação e responsabilidade, construir uma moda mais consciente e conectada com o seu tempo”, conclui Lima.

