Quanto tempo você passa nas redes? Spoiler: seu filho passa o dobro no YouTube

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Por Cintia Medvedovsky*
Vivemos em uma era em que as telas se tornaram extensões dos nossos corpos. Adultos deslizam o dedo compulsivamente entre feeds, stories e dancinhas, mas o que poucos percebem é que, enquanto isso acontece, as crianças já dominaram completamente outra plataforma: o YouTube.
Enquanto os adultos dividem sua atenção entre Instagram, TikTok e WhatsApp, consumindo conteúdos que vão de receitas rápidas a vídeos motivacionais de 30 segundos, as crianças têm sua própria zona de conforto — o YouTube (e, mais recentemente, o YouTube Kids). Lá, elas encontram seus ídolos, assistem aos mesmos vídeos repetidas vezes e desenvolvem relações emocionais com criadores de conteúdo mirins que são mais influentes do que personagens de desenhos animados.
Segundo a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2023, realizada pelo CETIC.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação), crianças de 6 a 12 anos passam, em média, 4h37min por dia em atividades online — e o YouTube é a plataforma mais acessada por esse público. Já entre os adolescentes (12 a 17 anos), esse tempo sobe para 6h12min diários, incluindo redes sociais, jogos e vídeos.
O levantamento também aponta que 88% das crianças assistem a vídeos no YouTube com frequência, e 72% imitam ou reproduzem brincadeiras baseadas no conteúdo consumido, como desafios, dancinhas ou histórias contadas por influenciadores. Além disso, 95% acessam a internet por meio do smartphone, e 70% possuem perfis em redes sociais, mesmo estando abaixo da idade mínima permitida pelas plataformas (13 anos).
Para comparação, dados da Statista (2023) mostram que adultos brasileiros gastam cerca de 2h30min por dia em redes sociais. Ou seja: as crianças já passam quase o dobro desse tempo em ambientes digitais, muitas vezes sem acompanhamento.
A grande virada? Os influenciadores.
Essa dinâmica revela algo importante: as novas gerações não consomem apenas conteúdo, elas constroem vínculos emocionais com ele. E os pais, muitas vezes, não percebem o quanto isso influencia no comportamento dos filhos.
Mais do que julgar o tempo de tela, é hora de observar o tipo de conteúdo que se consome — e com quem se consome. Afinal, não são só as crianças que estão sendo impactadas: nós também somos influenciados, todos os dias, por aquilo que assistimos, curtimos e compartilhamos.
A pergunta que fica é: Você sabe quem está influenciando você? E quem está influenciando seu filho?
*A autora é CEO e Fundadora da Ziggle, agência boutique de licenciamento de marcas e personagens.